1 de setembro de 2009

Mulher e a preguiça de malhar

Texto maravilhoso extraído do livro: Este sexo é feminino de Patrícia Travassos
Belinha acordou às seis, arrumou as crianças, levou-as para o colégio evoltou para casa a tempo de dar um beijo burocrático em Artur, o marido, ede trocarem cheques, afazeres e reclamações.Fez um supermercado rápido, brigou com a empregada que manchou seu vestidode seda, saiu como sempre apressada, levou uma multa por estar dirigindo como celular no ouvido e uma advertência por estacionar em lugar proibido,enquanto ia, por um minuto, ao caixa automático tirar dinheiro.No caminho do trabalho batucava ansiedade no volante, num congestionamentomonstro, e pensava quando teria tempo de fazer a unha e pintar o cabeloantes que se transformasse numa mulher grisalha.Chegando ao escritório, foi quase atropelada por uma gata escultural que,segundo soube, era a nova contratada da empresa para o cargo que ela,Belinha, fez de tudo para pegar, mas que, apesar do currículo excelente e deseus anos de experiência e dedicação, não conseguiu.Pensou se abdômen definido contaria ponto, mas logo esqueceu a gata, porqueno meio de uma reunião ligaram do colégio de Clarinha, sua filha mais nova,dizendo que ela estava com dor de ouvido e febre.Tentou em vão achar o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma iraté o colégio, depois do encontro com o novo cliente, que se revelou umchato, neurótico, desconfiado e com quem teria que lidar nos próximos meses.Saiu esbaforida e encontrou seu carro com pneu furado.Pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar os olhos e sonharcom um mundo melhor.Abandonou a droga do carro avariado, pegou um táxi e as crianças.Quando chegou em casa, descobriu que tinha deixado a porra da pasta com orelatório que precisava ler para o dia seguinte no escritório!Telefonou para o celular do marido com a esperança que ele pudesse pegar osmalditos papéis na empresa, mas a bosta continuava fora de área.Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um motoboy lhe trouxesse aporra dos documentos.Tomou uma merda de banho, deu a droga do jantar para as crianças, fez aporcaria dos deveres com os dispersos e botou os monstros para dormir.Artur chegou puto de uma reunião em São Paulo , reclamando de tudo. Jantaramem silêncio.Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur aacordou com tesão, a fim de jogo. Como aqueles momentos estavam cada vezmais raros no casamento deles, ela resolveu fazer um último esforço dereportagem e transar.Deram uma meio rápida, meio mais ou menos, e, quando estava quase pegando nosono de novo, sentiu uma apalpadinha no seu traseiro com o seguintecomentário:- Tá ficando com a bundinha mole, Belinha... deixa de preguiça e começa a secuidar..Belinha olhou para o abajur de metal e se imaginou martelando a cabeça deArtur até ver seus miolos espalhados pelo travesseiro!Depois se viu pulando sobre o tórax dele até quebrar todas as costelas! Comum alicate de unha arrancou um a um todos os seus dentes depois deu-lhe umchute tão brutal no saco, que voou espermatozóide para todos os lados!Em seguida usou a técnica que aprendeu num livro de auto-ajuda: comocontrolar as emoções negativas.Respirou três vezes profundamente, mentalizando a cor azul, e ponderou. Nãoia valer a pena, não estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feministacaríssima que fizesse sua defesa alegando que assassinou o marido cega detensão pré-menstrual...Resolveu agir com sabedoria.No dia seguinte, não levou as crianças ao colégio, não fez um supermercadorápido, nem brigou com a empregada. Foi para uma academia e malhou duashoras. De lá foi para o cabeleireiro pintar os cabelos de acaju e as unhasde vermelho. Ligou para o cliente novo insuportável e disse tudo que achavadele, da mulher dele e do projeto dele. E aguardou os resultados da suapéssima conduta, fazendo uma massagem estética que jura eliminar, em dezsessões, a gordura localizada.Enquanto se hospedava num spa, ouviu o marido desesperado tentar localiza-lápelo celular e descobrir por que ela havia sumido. Pacientemente nãoatendeu. E, como vingança é um prato que se come frio, mandou um recadolacônico para a caixa postal dele.- A bunda ainda está mole. Só volto quando estiver dura.Um beijo da preguiçosa...

Um comentário:

Gi VENCEDORA disse...

AMEIIIIIIIIIIIII ESTE TEXTOOO
AMEIII
VOU MANDAR PARA O NAMORADO KKKK