14 de janeiro de 2013

Entediados


Levei 4 adolescentes para a praia. Lá teriam pelo menos mais 4.

Deveria ser um fim de semana fantástico para eles. Certo?

Janeiro, calor, condomínio cheio de garotos e garotas com hormônios em fúria, todos na praia, pé na areia, sem controle permanente dos pais, podendo fazer luau, tocar violão na praia com fogueira.... era meu sonho aos 15 anos.

Mas não da geração atual.

O problema começou quando pisamos na casa e a mais velha gritou " Tia,não tem wi-fi"??

Respondi que não e que ela não iria precisar, estávamos NA PRAIA.

- Mas estou menstruada, não gosto de sol.

Quase perguntei o que ela veio fazer na praia, mas respirei fundo e disse que ela iria se divertir de uma forma diferente, falando com as pessoas ao vivo. Era quase igual skype...

E começou a chover....

Apresentei ao sexteto jogos de tabuleiro, tinha War, O Jogo da Vida, Dinheiro do Mês e baralho.

Me olharam como se eu estivesse mostrando cocô, bosta, merda e vômito.

- Tia, tem Sky ou NET???

- Não tem, tem parabólica, com TV aberta mesmo e pega mal, mas tem vários dvds legais.

- Mas que filmes são estes?

- Clássicos!!! Você gosta de terror não é? Tem Drácula de Bram Stoker!

- Ai credo, que homem feio. Eu nem gosto do Edward, mas prefiro ele.

Engoli minha frustração e disse que tinha um suspense muito legal, chamado Revelação e coloquei.
1 hora depois voltei.

Havia 1 no iphone, 2 outros na internet 3G, outro no Nintendo DS e 2 haviam sumido para jogar GTA.

- Poxa meninos, não gostaram do filme?

- Chato, ainda não morreu ninguém e a mulher é louca.

No dia seguinte fez sol.

Eles acordaram ao meio dia.

Convenci que deveriam caminhar até o rio, ver a cachoeira, eram apenas 1,5 km dali.

Voltaram depois de 2 horas, com cara de tédio, tomaram banho e foram para os eletrônicos.

No último dia, tirei todos da cama cedo, obriguei ir a praia.

3 brincaram no caiaque, 2 curtiram o mar e 1 não teve jeito, levou o celular e nele ficou, com cara de merda, de roupa e reclamando da claridade.

Ninguém quis jogar frescobol, taco, nem tênis ou volei.

Fiquei me imaginando nesta idade, como qualquer passeio me divertia, como eu adorava conhecer gente nova e jogar mau-mau numa mesa com 20 pessoas.

Senti pena da adolescência desperdiçada. Uma fase que passa tão rápido, tão difícil de superar e com todos estes gadgets fica ainda mais fácil ser introspectivo.

4 comentários:

Michele Pupo disse...

História triste, de número 2.
Pô, Maela.

:(


Beijos

Mirella de Oliveira disse...

Aaaaiiix que vontade de estapear esses moleques, Maela!

E confesso que fiquei com muito medo dos meus filhos serem assim daqui há uns anos. Por enquanto, apesar deles gostarem de computador, eles curtem muito mais brincar no quintal, ir à praia, sair de casa!

Até hoje eles não tiveram videogames e muito menos celular (são pequenos, têm 8 e 5 anos)... e por enquanto não fez falta. Acesso à tecnologia só o notebook mesmo. E um só, o meu, que é pra revezar e não ficar varando horas em joguinhos e afins. Eles assistem tv, mas bem menos. E o resto... bora ler livro e sair pra brincar no quintal, moçada!
Prefiro assim. Fico triste vendo esses meninos perdendo uma época tão bacana da vida desse jeito. Vejo como se estivessem jogando no lixo mesmo. Como água corrente escorrendo pra dentro da pia. Triste!! E que vontade de matar! rs

O Gato do Balaio disse...

Me irritou muito meninas, uma praia daquelas, todos na maravilhosa idade da despreocupação e o que mais importava era o sinal de wi fi

Anônimo disse...

tristíssimo...poutZ!